quarta-feira, 16 de junho de 2010

Os absurdos do dia

          O pouco que assisti e ouvi rádio e tv hoje me indignou. O primeiro absurdo foi o fato de uma senhora de setenta e cinco anos ter sido assaltada dentro de casa, em Niterói. Aliás, Niterói está demais. Mas, vamos por partes: O assalto: Se deu por um casal que conseguiu entrar, sem a menor resistência, em seu prédio, consequentemente,em seu apartamento. Segundo relato de Bacci, ela chegou em casa e já os encontrou mexendo no cofre. O que irrita, além da folga dos ladrões, são os comentários, do tipo "a moça é loira", "tão bonita, pena ter seguido por essa vida de crimes"; por que? se fosse feia, poderia? O problema é que a aparência dita praticamente tudo ao nosso redor e, como era um casal de pele clara, bem vestidos e "bonitos", como disse alguém que não me lembro, estavam "acima de qualquer suspeita", segundo o próprio Bacci. Bom, eu tenho lá minhas dúvidas meus caros, se eu e Marido conseguiríamos entrar para visitar um amigo no mesmo prédio,com essa facilidade. Um casal de "negões", não pode ser "acima de qualquer suspeita", não é mesmo? Até parece que as pessoas têm a esperança de, numa situação dessas, serem abordados por negros. O crime seria justificado. Seria o tal do "ah, é negro, lógico que faria isso". Nada melhor do que uma frase racista "preto, quando não faz na entrada, faz na saída".
          Sigamos com outro tópico: Bebê na sacola: Também em Niterói, no Bairro de São Francisco, no dia de hoje por volta das sete da manhã, um recém nascido foi encontrado dentro de uma bolsa de viagem, pendurado em uma grade residencial, por um motorista e uma senhora muito amável, por sinal. Graças a Deus, o menino passa bem. Daí eu pergunto: Como assim?!  O que leva essas mulheres, famílias - se é que há uma por trás - a tomar esse tipo de atitude? É medo de ser presa? De ser julgada? A Adoção está aí, várias pessoas na fila querendo seu filho e as crianças continuam a ser penduradas em muros, jogadas em lixeiras, abandonadas em córregos. E a campanha "Não jogue seu filho no lixo. Doar seu filho em adoção é um ato de amor"? Será ausência de divulgação? Não precisa muito e sempre tem alguém que se aproxima, para dizer que conhece alguém que conhece alguém que quer dar o filho. A nova Lei de Adoção não permite mais a Adoção pronta ou à Brasileira, onde isso poderia ser resolvido entre as partes interessadas, comunicando o juizado do resultado. Isso está extinto desde o fim de 2009. Claro, a intensão é evitar várias maldades, dentre elas o tráfico de menores. Logo, a pretenção em dar a criança em adoção e a vontade de adotar devem ser canalizadas para os Juizados de Infência, Adolescência e Idoso. Mas, nesse ínterim? O mal continua sendo aplicado às crianças! Elas continuam sendo abandonadas. Isso não é tão ruim quanto o tráfico de órgãos e menor? Foram pessoas do bem quem encontraram o bebê mas, se fosse um oportunista? A sociedade NUNCA iria saber, pois ela não está procurando uma criança que não exista ou que viva com sua família. Assim como esse bebê, existen vários que passam à margem das estatísticas. Então, por que não fazer uma veiculação de conscientização dessas mulheres em rede nacional, horário nobre? Expôr outdoors? Será porque, se isso de fato acontecer, não teremos estrutura para recebermos essas crianças em abrigos, famílias substitutas? Mas, enquanto aos cidadãos na fila? São milhares em todo país! Algo precisa ser feito, e logo. Parar de disfarçar, fingir que não nos afeta, que não estamos vendo. Quantas outras crianças não estão penduradas ou até mesmo mortas, sem que tenhamos tomado conhecimento nesse mundo de Meu Deus! Isso tudo é enorme. Se não houver o boca a boca, a massificação, continuaremos não dando conta! O que é mais importante: reportagem sobre prostituição ou como o sistema abrigacional, de adoção, funciona? As pessoas que vivem da prostituição estão lá, sofrem, são desrespeitadas, mas não são incapazes. Ao contrário das crianças,que são abandonadas, que são prostituídas, consequentemente abusadas, que foram privadas de ter alguém que tomasse conta delas, de seu crescimento, de sua saúde, educação, dignidade, cidadania. Essas sim, fomentarão o marcado prostitucional, marginalizado. É o traficante que substitui o traficante e assim por diante, onde, a maior perspectiva de vida é saber segurar uma arma e ser implaável, ou manter o corpo apresentável para servir de latrina a qualquer um. Depois, vem me falar do futuro do Brasil, do futuro das nossas crianças! Pela mãe do guarda! Como gosto de dizer aos íntimos: Não mete essa!

Um comentário:

Zergui disse...

Ler seu texto, sinceramente, não provocou a revolta; está já está arraigada há muito tempo.
Não quero dizer, com isso, que me considero omisso, passivo; é exatamente o contrário.

Ler essas linhas acima, após vir conferir quem me prestigiou, com sua visita e sendo seguidora em meu blog de variedades, me alegrou.

Não por ser uma pessoa que mostrou interesse pelas piadas postadas. Sinto-me realizado por ver mais um indivíduo contestador, inteligente, de grande ou pleno discernimento. Que não se cala, que expõe os seus sentimentos, os seus argumentos.

É disso que o Brasil precisa. Não importa se temos cores diferentes em nossa pele, afinal o corpo humano é mera ferramenta para que possamos executar obras durante a sua existência.

É o cérebro, conduzido pelo nosso espírito, pela nossa alma, que dirige os movimentos por algo que pode ser benéfico para o convívio social harmônico, ou o contrário.

Sua indignação, tão bem explanada em poucas linhas, serve de alicerce para que se construa uma perspectiva de um mundo melhor.

Precisamos multiplicar essas construções, valorizar esses conceitos, ampliar o número de seguidores que almejem esse ou melhores objetivos.

Devemos incutir na mente das pessoas, que pensem muito nessa tentativa de nos subjugarem, de nos manterem alienados, escravizados por leis esdrúxulas e malévolas, onde os ímpios são protegidos e os honestos, vilipendiados.

Sei que um postulante a viver do Bolsa Família acharia hilárias essas considerações, as remeteria como sendo escrita por língua estranha, desconhecida.

Cabe a nós, traduzirmos o significado para essa gente, para que se unam em prol de uma Nação mais justa, equilibrada, que respeite a todos os indivíduos, independente de quaisquer diferenças, como reza a Constituição.