quinta-feira, 24 de junho de 2010

Lambada a dança proibida vrs Quanto vale ou é por quilo?

Tarde de inverno dentro do convencional é assim: torça para que algum canal aberto tenha piedade de sua alma e intelectualidade, decidindo por veicular algo que realmente valha à pena assistir. Sobretudo se, para piorar a situação, estejamos todos nós submersos, até a sobrancelha, com esse movimento, esse som, essa morosidade que é a narração, a falação de copa do mundo. Ô trem esquisito, com um rufar e instrumentos que nem sei em segundo plano, parecendo até risada gravada de seriado sem graça. Meu tradicional PELA MÃE DO GUARDA.
Pois então, lá estava eu com esse empasse e com dois agravantes de respeito: marido de folga em casa e um jeito que dei na coluna, me forçando a "maneirar" nos meus afazeres domésticos. No entanto, graças a Deus e a uma família nem tanto padronótica, como estive com uma das minhas irmãs ontem, a extraordinária  Vivian Kosta, dentro dos vários "fala fala" que promovemos, eis que ela me emprestou um dos presentes que ganhou de uma turma de alunos de uma universidade onde leciona. Mais um pouco e conversa vai e vem e parti para casa. Claro que não consegui assistir ao filme no mesmo dia, só não sabia que isso seria para minha sorte. Sendo assim, dia de hoje, com cara fria, marido em casa, coluna doída, Michael Kale já passando os erros de gravação, migrei para o quarto pois o tormento da copa teria início. Assim que o fiz, lá estava o SBT com um filme sobre o Brasil. Pensei se não era aquele do The Rock, que tenho em casa porque acho o cara um filé, mas, pela aperência da película, percebi que era um filme antigo. Estava tudo indo bem quando o nome The forbidden dance me jogou aos anos 90.  É meus caros, o filme trazia a lambada e essa era a dança proibida. Tudo bem com a fantasia mas, daí a juntar índios jogando capoeira, ao som de um atabaque, com tiozinhos feitiçeiros de cabelos lisos, vestidos de africanos e uma galera de camisolão branco e cocar foi muita displicência, mesmo para aqueles que não gostam muito de história. A tal da princesa e um feiticeiro vão parar em Los Angeles, como em um toque de feitiçaria. Sem contar que ninguém tem sobrenome. Como assim? Cavalo Branco da Tribo de Magé! Isso é um sobrenome. Todas as pessoas têm sobrenome, que significa, na raiz, de onde ou da parte de quem uma pessoa vem. Foi demais para mim. Como em uma picada de mosquito, lembrei-me do filme do dia anterior- Quanto vale ou é por quilo? Foi a melhor coisa que fiz.
O filme é direto e reto. Num mix de série verdade, ele traz à tona situações aparentemente distintas que se entrelaçam e alcançam seu resultado. A negra forra que teve sua tranquilidade e direitos perturbardos e burlados, mas perde diante da justiça por reclamar seus direitos; a "filantropia" desmascarada de empresas que dizem ajudar os carentes, a amizade e liberdade, os valores sociais em porcentagem diante do racismo, e assim por diante. Foi o que salvou a terça dada como perdida. É uma pena muitas pessoas se quer entenderem do que se trata ou até mesmo se interessarem em entender, porque isso dá dor de cabeça, choca a relidade e faz pensar. Então, quem sabe não é melhor ficar no filmezinho que diz que Amazônia, os Incas e Honolulu são tudo a mesma coisa e estão no mesmo lugar?

Nenhum comentário: