quarta-feira, 26 de maio de 2010

É proibido proibir, mas NÃO pode ser criativo!



          O filme ‘É proibido proibir’, 2007, foi ‘Sessão Brasil’ na última segunda, na Globo. Trata-se de quase um ‘mènage à trois’ dos tempos atuais. A ideia da estória é boa, mas o problema foi o desperdício de duas excelentes fontes para retratar a realidade. A primeira foi quando a mocinha retribui o amor do amigo, se apaixonando também. Ela é namorada de Leon, o universitário negro, vindo de Brasília, mas sede ao sentimento de Paulo, o universitário branco, carioca. Ainda é muito difícil para a sociedade enfrentar o amor interracial. A segunda situação se dá quando Leon decide ir, sozinho, resolver a questão do rapaz injustamente acusado de traficante, por ser a principal testemunha de um crime cometido pela polícia. Aliás, dentro desta situação existem várias: tal problema se deu por via das mãos de Paulo, logo, ele era a conexão, o amigo da mãe do rapaz, mas Leon, talvez por ter se condoído pelo fato do rapaz também ser negro, assume a pole position, indo só até a favela, para tentar tirar o rapaz de lá. Na sequência, Leon, o rapaz e mais um outro são surpreendidos pelos policiais, que estão montados dentro da favela em busca da testemunha. O engraçado é que os rapazes tentam escapar de taxi, pela porta da frente da comunidade. Quanta ingenuidade... nem parecia que o próprio Leon é estudante de sociologia, com pesquisa de campo em comunidades, indo à Cidade de Deus sempre. Quando achamos que os absurdos já findaram, eis que os policiais levam os três para um terreno abandonado e atentam contra a vida deles, mas o tiro no Leon pega de raspão, e ele consegue escapar. Peraí: ONDE JÁ SE VIU?!

          No baile ‘a vida imita a arte’ ou ‘a arte imita a vida’ vale quando ambas se entrelaçam. O amor interracial é verdadeiro e perene. O tal Leon é o namorado que toda garota, mãe e pai querem ter! o cara é inteligente, dedicado, limpinho, enquanto o tal do Paulo é maconheiro, irresponsável, mulherengo e relexado. Ah, mas me esqueci: o tal Leon é negão e o tal do Paulo é branquelo! Será que houve tentativa de troca dos traços de personalidade, a fim de chocar, mas a escolha permanece inalterada? Será que foi essa a intenção? Antes que alguém berre: ‘Racismo! Preconceito!’, com o dedo esticadinho para minha pessoa, deixo claro que a única cor em que acredito é a do sangue, que é a mesma para todos: vermelho. Acredito em raça, e, a que me refiro é HUMANA. A mim não interessa a cor da pele de ninguém, mas, não sou cega, tão pouco surda, muda e muito menos analfabeta. Sou capaz de ler com compreensão em mais de três idiomas. Sei que o preconceito existe no nosso país, no mundo. Sou candidata a ele por três vias: gênero, etnia e classe. Não digo vítima porque ainda consigo lutar contra a brecha de quaisquer deles. Sei que muitas pessoas enxergam como nossos queridos cães: em branco e preto, e mais além com homem, mulher, rico e pobre, mas ainda assim faço o que estiver ao meu alcançe para mudar isso. Logo, acredito que o filme poderia ter aproveitado a EXCELENTE oportunidade que teve para ir muito mais além. Ah, antes que me esqueça: Alexandre Rodrigues, Maria Flor e Caio Blat estão ótimos!!!!!!!!!!

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