terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O terraço só não basta

Cristina sempre gostou muito de bicicleta. Não sabia dizer o por que e hoje em dia nem tanto, mas gostava muito. Para aprender, foi um sufoco. Não sei por que cargas d'água seu pai associou andar de bicicleta com aprender primeiro. Sim! Nas famílias normais, a criança ganha a bicicleta e aprende nela, com rodinhas e outros bichos mais, mas, na família de Cristina tinha de ser diferente mesmo. Acho que não era papo de falta de dinheiro, não, estava mais para envolvimento com muita coisa ao mesmo tempo, que a bicicleta de Cristina poderia ficar em segundo plano, mas, sua vontade, não. Mas é lógico, conhecendo Cristina como conhecemos, era mais que óbvio que as coisas não ficariam estacionadas. Ela tinha de administrar a falta da bicicleta e o aprendizado. O que fazer? A solução veio à galope, pois a Ana, a amiguinha que morava a duas casas a frente, ganhara uma bicicleta novinha... E Ana era pequena, coitada, daquelas meninas que tem a cintura baixa, parecia um cachorro pequinês! Logo, Cristina já imaginou que a amiguinha não precisava daquela bicicleta toda... Ela não daria conta sozinha, coitada da bichinha... o que se faz num momento desses? Vai aprender a andar de bicicleta no brinquedo da amiga! E assim, foi. Aninha dava uma voltinha e Cristina uma voltona - tenho pernas mais cumpridas, Aninha! - essa era a desculpa para Aninha e suas pernas curtinhas. E Cristina aprendeu a andar de bicicleta! Adivinhem o que ela ganhou no natal? Uma coleção de disquinhos coloridos de contos populares! - a bicicleta teve de ficar para o aniversário.
Pois bem. O aniversário chegou - nove anos!, e Cristina ganhou a bicicleta. Ela queria ir a todo lugar com ela. O problema era quando as festas de aniversários eram longe demais de casa. Daí, não dava para ir pedalando mas, no geral, ia sempre "dirigindo seu carro" para as festas das amigas. Todo mundo torcia o nariz, mas bem que, no fundo, todos queriam fazer que nem ela. 
Estava tudo indo muito bem, quando um dia de chuva abalou os planos de Cristina. Sua mãe disse logo: "na chuva, nem pensar!", suas irmãs arrumaram o que fazer mas, Cristina, não conseguia se imaginar sem pedalar! Afinal, tinha de desbravar o mundo! teve logo uma ideia: " e se eu levasse a bicicleta lá pra cima?". Pediu e a mãe, depois de muitos " olha, cuidado, vê lá, hein?!", deixou que ela seguisse escada à cima com a magrela.
Começou a pedalar. Que beleza! Tinha que ser em círculos, mas estava valendo. A sensação era a mesma: frescor, velocidade, liberdade. " Posso ir onde quiser!" Pensava e sorria. Mudou a direção para evitar ficar tonta e "vamos que vamos!". Lá pelos trinta minutos desse frenesi, a coisa pedia mais. Como imaginação nunca lhe foi problema, imaginou-se indo trabalhar, buscar as crianças na escola, sair do trabalho e passar no mercado - "igual a mamãe, né?!", falou sozinha. Mas, para ser igual a mamãe, precisava de algumas mudanças. Parou tudo e prendeu o cabelo igual a ela. Voltou a pedalar. Não era suficiente. Largou a bicicleta de lado e desceu. Passou pela cozinha, "mamãe está ocupada", percebeu. As meninas estavam comparando a coleção de papel de carta no quarto delas, então, foi fácil pra Cristina seguir até o quarto da mãe. Pegou um colar de pérolas que enfeitava a guarda da cama, uns anéis na penteadeira, e um vestido rosa. Não podia esquecer os saltos. Sua mãe tinha um tamanquinho vermelho que era uma graça! Pegou ele também! Tinha uma sacola de mercado perto do suporte de papel higiênico no banheiro. Pegou ele e jogou tudo dentro. Passou tão rápido pela cozinha que a mãe nem viu. 
Enfim, o terraço novamente! Tratou logo de seguir para o banheiro, onde se arrumou toda. O tamanco da mamãe ficou grande, assim como todo o resto mas, e daí?! Devidamente paramentada, Cristina deu início ao levar as crianças à escola, parar no sinal, transito intenso. De repente, se deu conta de que a porta do terraço estava aberta e pensou: "por que não?!". E, pronto! Como num passe de mágica, lá estava Cristina escada à baixo, acompanhada da magrela, saltitando horrores, tamancos da mamãe voando! Freio?! Pra que?! Parou somente depois de ter invadido o jardim de mamãe à dentro.

2 comentários:

Rodrigo Rocha disse...

Vanessa passei para conhecer seu blog ele é not°10, show, espetacular, muito maneiro com excelente conteúdo você fez um ótimo trabalho desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família e aceitei você como amigo no diHITT
Um grande abraço e tudo de bom e um feliz Natal e Ano Novo

»☾« Lana Hawk »☾« disse...

Um... teacher, acho que conheço esta história.... já ri horrores com ela, neam?!
Passei por aqui pra dizer q já estou MORRENDO de saudades!

ILOVEYOUSOMUCH!

bjux