segunda-feira, 26 de julho de 2010

Senis

Um aparenta uns oitenta anos, já cometeu onze assaltos com a cara mais deslavada, enquanto o outro assume somente sessenta e três, é ator e diretor e, recentemente, deixou claro que não tem veia diplomática, ou melhor, não é diplomático, pois veia é o que tem abundante em seu arquétipo, que tenta desesperadamente descançar, alçar voos mais leves, mais seu mestre insiste em forçá-lo, como nos belos tempos da brilhantina, no auge dos dezoito.
Claro que notícia ruim ninguém gosta de ouvir. Muito embora os assaltos não sejam cometidos em nosso país, é triste saber que existe um ser que se aproveita do respeito e cuidado que a maioria das pessoas dispõe aos mais velhos, para limpar os caixas. Se essa moda pegar aqui no Brasil, será um Deus nos acuda, uma vez que a população idosa é considerável, além de terem motivos convincentes - uma aposentadoria pra lá de vergonhosa. Tomara que nossos velhinhos não se sintam estimulados a tentarem a sorte, pois o resultado aqui seria drástico.
Do outro lado da ponte temos um senhor que merecia todo o nosso respeito, não só pela sua idade, mas por sua história de trabalho, dedicação, de vida. Este, como todos os outros estrangeiros, esteve em nosso país, trabalhou por aqui e, na tentativa de ser engraçado, não ter o que dizer ou ainda, depois de um surto psicótico, talvez desencadeado tardiamente pela série de golpes na cabeça já sofridos por ele, resolveu se referir a nós, a nossa terra e mão de obra, com toda a falta de respeito possível. Quando questionado a respeito da escolha do país para rodar seu longa ano passado, sua resposta foi qualquer coisa menos o que pessoas em sua sã consciência responderiam. Quando ouvi isso no noticiário, fiquei parada um tempo, enquanto olhava para o rosto fora de ângulo do ator. Decepcionante. Sempre fui fã dele, de chorar com seu casamento em 1985 e ficar triste por ele, quando descobriu que houvera sido traído pela esposa, que escolhera como amante a secretária; ficar feliz com a separação, ter não só seus filmes, como trilhas sonoras, torcer pela recuperação de sua filha, mais sucesso em seus filmes, enfim, mais que fã, uma admiradora da vida de uma pessoa que lutou muito para estar bem.
Não ficarei mais aqui tecendo elogios. Como disse, estou decepcionada e esse é um dos piores sentimentos pois dificilmente tal sentimento se reverte. É lamentável saber que é isso que o ator pensa do meu país e de todos nós. País esse que faz muita diferença na bilheteria. Mas é assim mesmo que as coisas se mostram. Ainda bem que a máscara caiu, à tempo. Eu já sei o que farei: não assistirei mais seus filmes. Não tem por que. Sinto muito pelos demais profissionais, mas uma pessoa que se coloca assim publicamente, pode não está em condições mínimas, sobretudo, de se dirigir ao público, entrar em seus lares, ser assistido e respeitado por ele. E aviso aos navegantes: o que ele fez ao Brasil, faz a qualquer outro país. Abram seus olhos. Uma coisa é certa: se realmente fosse assim o comportamento dos brasileiros, cordiais, hospitaleiros, deixando as pessoas realmente à vontade em suas casas, no seu país,  finalizando a visita com um souvenir tão sofisticado, pelo menos mostramos ter muito mais consideração e respeito pelo visitante, do que ele por nós. Depois de toda a cordialidade, olhe bem o que ele fez: cuspiu no prato que comeu...

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