segunda-feira, 19 de julho de 2010

A impotência humana diante do futuro

Há mais ou menos duas semanas soube que um conhecido houvera sofrido um acidente de moto. Sorte dele não ter morrido, mas vai ficar pelos menos uns seis meses de molho. Depois dessas informações, me pus a pensar.
Como relatei no começo, trata-se de um conhecido, não amigo, logo, fiquei chateada com seu problema, mas isso não me entristeceu ou mexeu com meu humor no modo geral. Eu percebi que, na noite anterior ao seu acidente, eu e uma amiga falávamos dele, como um exemplo a um assunto em pauta. Não me lembro o que era. Mas uma coisa era certa: perpassamos pela sua maneira de demonstrar o quanto estava no controle de tudo. Isso sim , chamou minha atenção, pois ele é um profissional liberal, que tem pessoas dependendo dele financeiramente,  muito embora não seja casado. Tem o hábito de exercitar-se, sempre, sem falhas, todos os dias. É uma pessoa pontual, organizada. Tudo isso eu soube através dessa amiga em comum. O fato é que me preocupei com ele nesse sentido.
Fazemos uma força enorme para termos a sensação de que tudo está sob controle. Mas, sob o controle de quem? Como é isso? Temos de ter hora para tudo e, como se não bastasse, tornamo-nos acostumados a marcarmos compromissos com uma distância de datas absurdas. Vivemos nosso dia a dia como se nada dependesse de nada, além de nós dependermos de nós mesmos. Esse é o ritmo empenhado a nós, de uns bons tempos até então. Contudo, de nada temos certeza. Se não quisermos analisar sob o ponto de vista espiritual, vejamos pela fisiologia. Nosso corpo tem a referência de uma máquina, com uma importante diferença: a máquina pode ser controlada e ter suas peças trocadas sempre, enquanto nós não. A falsa ideia de controle na saúde, por exemplo, muitas vezes não fazendo nada para preservá-la.
A mente precisa estar em sintonia com todos os acontecimentos, internos e externos, inerente ou não ao próprio indivíduo, a fim de preservar a si próprio em caso de surpresa, quando o que antes planejado e combinado passa a não ser mais passível de acontecimento. O ideal seria que esse botão estivesse encaixado no cérebro, de forma que pudesse ser acionado sempre que preciso. Dele partiria a intenção de contar os pros e contras, para separar as vantagens que restam ao final de tudo. Lógico que uma boa dose de que depende muito da esfera onde se dá a mudança deve ser analisada. Por que digo isso? Ora, é simples: esse conhecido, por exemplo, está deprimido pois só consegue visualizar a perda financeira, o não se exercitar. Mas, o que há com o "você poderia ter morrido!"? Isso é um fato importantíssimo. Logo, de todos os males, o menor.
Um outro dia estava num bate papo com amigos, e um deles disse que pressentia que, tão logo fosse ver um cardiologista, tinha certeza de que o profissional mexeria com ele dos pés à cabeça, pois ele também pressente que tem problemas. Fiquei cerca de cinco segundos olhando para cara dele, já pedindo a Deus par que não me deixasse ser antipática. Sendo assim , perguntei o por que dele não ir logo ver esse profissional e, já por sua conta , ir controlando hábitos que ele tem consciência de que agem contra ele mesmo. A resposta que obtive foi algo do tipo "agora, não" ou "depois eu vejo isso". Depois quando? O mais engraçado é o tom ao qual ele empregou na voz para falar do profissional da saúde: como se esse sim, fosse o verdadeiro vilão, que estaria contra ele o tempo inteiro, vendo problemas em tudo. Como se quem realmente fosse "acabar com sua vida" seria o médico, não o problema. Isso é complicado, pois há suposições em todas as esferas. Não se sabe se realmente está doente, e se afirmativo, o que se tem, essas coisas. Mas, o indivíduo prefere ficar na esfera da suposição, como se esta posição lhe desse segurança, perpetuasse a ideia de controle.
Fato é que continuaremos a fazer planos, pois faz parte da estrutura para o desenvolvimento humano, contudo, seria muito vantajoso manter, mesmo que longe, a consciência de que nada controlamos, restando o graças, poderia ter sido pior, diante de muitos acontecimentos, mas não de todos. Para esses que eventualmente permanecem de fora, naturalmente o indivíduo sucumbirá e a amplitude do trauma junto a história de vida que serão capazes de reestruturar, ou não, esse ser.

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