domingo, 2 de maio de 2010

BULLYING = AGREDIR O DIFERENTE. ME DIZ PRA QUE?

         


           Definitivamente, nos dias de hoje, é inaceitável alguém decidir, com seus botões, como o seu dia vai ser. Antes que os apreciadores de bagunça se manisfestem, não me refiro aqui a atitude de pais zelosos em relação a seus filhos, professores que cuidam de seus alunos e de sua saúde e raciocínio, promovendo aprendizagem; médicos, terepeutas, parentes, ou seja, pessoas do bem em geral, nos guiando para o acerto. Me refiro àquelas pessoas que frequentam sua escola, seu curso, seu pátio no condomínio, sua rua, seu ônibus. Aquele carinha ou aquela garota que acha que tem o direito de te dizer um nome feio quando você passa, te encurralar e encher de ameaças, verbais ou físicas. Mesmo os que não participam diretamente, só assistem e zombam o tempo todo, estão enganados se pensam que não têm nenhuma responsabilidade nessas atitudes. Estão afundados até o pescoço. O que é isso? Se sou gordo, magro, branco, preto, rico, protestante, católico, espírita, muçulmano, budista, pobre, moro no morro ou asfalto, na comunidade ou no bairro, sou menino e gosto de menino, sou menina e gosto de menina, alto, baixo, especial ou “normal”, doente ou são, o que essas pessoas têm a ver com isso? O fato da minha diferença afeta em que suas vidas?
          Assisti, na televisão, uma mãe relatar a violência que sua filha sofrera, aos prantos. Suas lágrimas escorriam como filete de água corrente, enquanto tornava público o dilema de sua família. Meu peito ardeu. Ardeu porque sou negra, mulher, pobre, moradora de comunidade, gosto de homem mas sou alta; sou considerada “normal” e tenho uma saúde de ferro. Tudo isso misturado a minha inteligência, que foi estimulada como a de qualquer outra pessoa pode ser, minhas profissões, que pude escolher, ou seja, faço o que gosto – e muito; minha determinação, raça e coragem. Fui vítima de bullying duas vezes na infância, mas minha mãe foi diretamente à fonte do problema e resolveu. Depois disso, não permiti mais que isso acontecesse. Racismo? Claro que rolou, mas, sempre enfrentei de cabeça erguida e defesa pronta. Somos todos absolutamente iguais, não tem jeito e doa a quem doer. No fundo, no fundo, tinha quase certeza de que esse papo de “agredir o diferente”, não rolaria mais, pois me tornei uma mulher forte, tanto intelecto quanto fisicamente: alteta amadora de judô, um metro e oitenta de altura, voz grave e imponente. Essa gente do mal pensava mais de duas vezes antes de fazer graça comigo. O mais triste é que essa “agressão ao diferente” existe, inclusive entre os adultos. E eu posso dizer.
          Na semana que passou, paricipei da III CONFERÊNCIA NACIONAL DE ESPORTES, que se deu aqui, no Rio de Janeiro. Foi um evento de grande porte que, dentre cidadãos comuns, participantes e representantes de ONG’s e Programas/Projetos Sociais, recebeu muitos professores, sobretudo, professores de educação física. Até aí, tudo bem. Eu, professora de língua inglesa, portuguesa e suas respectivas literaturas, intérprete e tradutora, além de psicopedagoga, tomei parte do envento representando uma instituição comunitária expressamente carente. Tudo estava devidamente em seu lugar e, após a divisão do recinto em dez grupos de discussão, foi definido a pauta do dia seguinte. Com tudo organizado, cada grupo deu início a seus trabalhos. Ao término dos ajustes no grupo em que participava, quando todos já concideravam levantar-se, um professor, profissional como eu, vem até mim, faz a leitura do que eu trazia no crachá e profere: “Ih, ela faz parte do Movimentos Populares e ONG’s!” – e, junto a seu tom de ironia, ele agrega uma sambaginga, como se tentasse interpretar um malandro. O que ele não esperava, era que eu revidasse, automaticamente, dizendo que não se trava só de samba. Nós tratávamos de muita cultura, esporte, lazer, conhecimento, saúde e dignidade para a comunidade em questão. Percebendo que houvera promovido uma atitude racista, discriminatória, com intenção de ridicularização, ele se retirou, sem dizer nem mais uma palavra. E aí, meus caros? Isso foi um “bullying’, pois sua atitude foi de ataque ao diferente, em todo um enquadre vexatório. Agradeci muito às forças divinas por ter sido comigo, em total condição de defesa e debate, de igual para igual mas, e se ele tivesse se comportado assim com uma pessoa que não tivesse essa atitude e consciência? E o que ele ganhou com essa brincadeira de mau gosto? Claro que eu estava participado de uma conferência, com plenária e tudo mais, algumas pessoas não conseguem dominar seus nervos, que passam da flor da pele, porém, essa atitude não é aceitável em nenhum lugar. Colocamos nossas ideias a partir do raciocínio inteligente, não da opressão. E olha que éramos professores em maior número.
          Bem, tudo isso é para ilustrar que qualquer um, em qualquer época, pode ser vítima de bullying, pois, tal atitute, se fortalece na ausência de entendimento do que é ter respeito pelas pessoas, pelos animais e etc; ninguém é obrigado a fazer, ser, o que você quer, o que você suporta, admira ver, tomar conhecimento. As pessoas são livres, para o que quiser. Não te agrada, paciência! Viva a sua vida e deixe a dos outros! Mas sabe qual é o problema? Enquanto acharmos engraçados programas que brincam, ridicularizam, a falta de saúde das pessoas, o corpo magro demais, gordo demais ou debilitado, mídias importantíssimas como a internet, não só ridicularizar, como expôr a crença de outro indivíduo, o desrespeito a privacidade do outro e por aí segue, isso não melhorará. O tempo que essas pessoas perdem nas atitudes de bullying podia estar sendo usado por elas mesmas, em prol de sua melhoria. O bullying é praticado por pessoas desprovidas de inteligência e capacidade intelectual de digestão das informações as quais são expostas, extremamente não criativas. Por que, ao invés de perturbarem o outro, não tentam correr atrás do prórpio rabo? Será que dão conta? Não sei não... pensar dá trabalho...

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