sexta-feira, 23 de abril de 2010

DO QUE ESSAS MULHERES TÊM MEDO?


          É em meio a lágrimas que rabisco aqui nesse momento. Acabei de assistir ao Jornal do SBT RIO, que mostrou uma recém nascida jogada no lixo por volta das seis horas da manhã de hoje no Complexo da Maré. O bebê não resistiu e morreu no local. Ninguém pôde fazer nada. A multidão se colocou ao redor da caçamba laranja da COMLURB, revoltada. Uma senhora chorava, enquanto dizia ter perdido seu filho com nove meses de idade – “Isso a gente nunca esquece”, disse a senhora, que ainda reforçou, “não quer, dá pra alguém! Tantos querem!”. E é verdade.
          Do que será que essas mulheres têm medo? Com um pouquinho mais de atenção, podemos notar cartazes por aí, orientando a procura das autoridades, em caso de gravidez indesejada de um modo geral. Sem contar as boas pessoas que querem, e muito, ter filhos e não podem. Será que a monstruosidade é tamanha, ao ponto de não conseguir se quer pensar no outro? Será que é o medo de ser detida pela polícia? Medo de abrir a boca e dizer que não quer a criança? Mas, será que rolou o medo de abrir as pernas? Sim, porque, nem todos os bebês abandonados são fruto de estupro. Aliás, na sua grande maioria, são bebês vítimas de aberrações, mulheres anencéfalas, sem sentimentos, sem emoção, sem vergonha, sem peito para ter aperto. Sentir a vida escorrer pelas entranhas, enrolá-la em um pano sujo ou saco plástico, e depois, sorrateiramente, jogá-la em um antro fétido, contaminado, e sair como se nada houvesse acontecido, pronta para vitimar mais um ser vivo através de um membro rijo. Dói menos em mim se eu pensar que todo esse desempenho seja em troca de um narcótico, que esse animal não responda mais por si. Um animal anômalo, desprovido de sentido de selva, de sentido de parto. Só Deus em uma cabana pode ter piedade, pois esse monstro, ainda que gosmento e podre, que não deixou de ser seu filho. Porém, aqui torno público o meu pedido de perdão ao Pai Maior e Celestial, pois acredito que nunca poderia classificar esse indivíduo das trevas, mesmo vítima de si mesmo, de irmão.

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