sexta-feira, 9 de abril de 2010

CHORAR O LEITE DERRAMADO. AGORA?




          O que pensar das tragédias recentes??????? Sim, me refiro às tragédias oriundas da chuva freqüente que vem assolando o Rio de Janeiro desde o último dia 6. ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA!!!!! Também se faz pública e real a falta de decoro dos dirigentes que já passaram pelos cargos e quiçá ainda os ocupam. É possível classificar tal catástrofe como acidente? Não me refiro ao deslizamento de toneladas de lixo esquecidas por 13 anos em um morro, mas classifico como catastrófica a ousadia de representantes políticos que se fazem passar por esquecidos.

          Aproveito a oportunidade e ataco de forma contundente: o acidente de fato é a tolerância de um povo que permite aos eleitos, por seus poderes, fazer o que bem desejam elegendo as prioridades de acordo com suas verdades ao invés de compatibilizá-las com as necessidades de seus eleitores.

          Não há dúvidas quanto à generosidade do povo em assumir a “culpa”. Na verdade o povo é culpado sim. Culpado por aceitar o placebo que engana a dor de não ter onde morar, culpado por acreditar nas promessas de homens que deveriam ser sérios, culpado por não exigir e cobrar que as “bobices” prometidas durante as campanhas eleitorais sejam realizadas em tempo.

          É importante ressaltar que o infortúnio qual o estado do Rio de Janeiro enfrenta não se origina na chuva do início da semana, como mencionei no início do texto. Além das causas que a natureza reclama, muda e ignorada, como a interferência antrópica no relevo de formação geológica recente, os resíduos do consumismo e um analfabetismo sócio-ambiental (se me permitirem criar tal conceito), ainda existe a falta de bom senso e decência capaz de endossar um governo municipal que admite ter posto de lado todo um trabalho de pesquisa empírica realizado pela universidade que denunciava com grande destaque o perigo iminente e silencioso que jazia nas profundezas prometendo dragar vidas em grande chacina.

          Justificativa: a pesquisa que mostrava inclusive uma solução para o problema era cara demais para a prefeitura custear. Talvez, em análise de custo e benefício, é mais barato distribuir a desgraça, em ação culposa, entre cidadãos que precisavam ter onde morar, construíram e não foram impedidos e agora arcam com suas perdas, choram os seus mortos e escutam justificativas vazias daqueles que dizem representá-los.

         Será que estamos tratando de uma tragédia recente ou de uma tragédia comum e por muitas vezes vista? É melhor nos prepararmos e nos preocuparmos, onde ocorrerá tal tragédia da próxima vez???????


Texto por Vivian Kosta, Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisa Social, ENCE-IBGE.


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