sábado, 3 de julho de 2010

A luz do amor

Quando Marido e eu decidimos adotar, o que parecia ser a respostas para o problema só piorou. Isso foi em 2002. Muita caminhada pra lá e pra cá, e o assunto ficou um pouco para depois devido ao nosso envolvimento profissional. As coisas eram bem difíceis, digo, não era a todo o momento que se poderia contar com disponibilidade de orientações sobre o que e como fazer. Lembro-me que fomos ao que, na época, era chamado de Juizado de Menores, hoje intitulado Vara de Infância. Quando estávamos prontos a reunir tudo, sofremos várias mudanças na nossa vida financeira, o que nos fez segurar um pouco mais. O tempo passou. No fim de 2008 voltamos a nos organizar.O que era centralizado em um local foi dividido, daí o contato dar-se-ia em Santa Cruz, 2ª Vara. Eu trabalhava muito e marido também, havia um grande desencontro em relação as reuniões. Várias pessoas dizendo, ao mesmo tempo, que teríamos grandes dificuldades para adotar. A questão de cuidar de uma criança que não tem nada seu, sua condição financeira, dentre outros palpites. Confesso que fiquei extremamente insegura. Interpretamos que não estávamos prontos. Nesse ínterim, fomos convidados a visitar um abrigo infantil em Bonsucesso. Foi aí que percebemos...
O local era grande, em termos de quintal e até mesmo de estrutura. Eu estava muito ansiosa. Como era um domingo, seríamos atendidos pela responsável do abrigo que morava no mesmo quintal. Fomos atendidos por uma moça muito quieta, que nem nos olhou nos olhos. Nos conduziu à oficina de costura, arrumou umas cadeiras e nos pôs a esperar. Não éramos os únicos. Além da amiga que nos conduziu, havia mais dois casais. De repente, na porta da oficina, surge uma senhora grande, larga, de longos cabelos grisalhos e aparência cansada. Ela nos olhou docemente, se apresentou e pediu o mesmo. Assim fizemos. Os demais casais  estavam ali com visita marcada, sendo assim, foram conduzidos às crianças que eles deveriam ver. Nossa amiga pediu licença e ficamos só nós. Foi muito bom. Ela nos esclareceu muita coisa. Primeiro, quis saber de nossa estória. Contamos tudo. Sabe aquela pessoa que te passa segurança? Daquele tipo de gente que você está aguardando porque sabe que somente ela poderá resolver. Foi essa a sensação. Ela nos deixou ciente de que nossa conversa era extra oficial, mas, se tínhamos dúvidas quanto ao funcionamento ao longo do processo, ela faria de tudo para nos ajudar. Muita conversa se deu, nós deixamos a oficina para conhecer toda a instituição, enquanto ela nos explicava a respeito da ajuda que recebia dos voluntários, padrinhos das crianças, sua vida, seus filhos adotivos. Foi o máximo. Eu diria que, até hoje, ela foi a que melhor nos atendeu pois, mesmo protegendo as crianças, conseguiu ler a ansiedade e carência em nossos olhos, movimentos e nos acalmou. Visitamos todo o local em questão, sem falarmos a respeito de criança habilitada ou não para a adoção. Ela nos orientou a darmos entrada no processo em nossa vara e termos fé e tranquilidade. Que tudo daria certo. O mais importante de tudo: que éramos bem vindos a essa atitude e a sua instituição. Logo nos acercamos da agenda de festividades do local e dos horários que poderíamos estar ali. Foi tudo muito legal. Desde então, nos preparamos, e, em março deste ano, conseguimos dar início aos preparativos administrativos. Conseguimos reunir toda a documentação e demos entrada no requerimento. No momento, terminados nossas 3 reuniões em um grupo de apoio a adoção, ADOÇANDO VIDAS, e fizemos nossa visita acompanhada a uma instituição acolhedora, A Minha Casa, em Campo Grande. Todos esses quatro encontros são exigidos pelo núcleo psicosocial. A intenção é orientar aos pretendentes quanto o gesto de adotar. A iniciativa é bárbara, sem dúvida mas, como tudo que é muito novo e está no seu começo, ainda existem algumas pontas soltas. Contudo, tem sido significativo.
A verdade é que, no fundo, todos nós, tanto a criança quanto a família, gostariam muito, sem dúvida, que todo esse processo fosse mais particular possível, em pró de suas identidades, identificações e idealizações. Contar com alguém que consiga fazer essa leitura e, ao mesmo tempo, fazer com que o processo seja normal e seguro,  figura e expectativa de todos. Ainda bem que tivemos a chance de um bom começo.

3 comentários:

Maria Marçal disse...

Me parece que o principal vocês fizeram: somente procuraram esse caminho quando seguros.

Esse passo significará segurança à criança.

Às vezes me questiono como pessoas de destaque conseguem tão rápido. Não entendo.

Um beijo querida,
Maria Marçal - Porto Alegre - RS

Mr.Jones disse...

Oi
gostei do que li e vou indicar.
abraços e boa noite

Taís Pereira Lisbôa disse...

Parabéns pela iniciativa. Isso é amor.